Do som feito ao vivo, o registro
musical perdia-se no ar.
Foi só no final do século XIX, quando
Thomas Edison inventou o fonógrafo, que a gravação de sons deixa de ser gravada
apenas na memória do público. Levar a música para casa era surpreendente, admirável,
extraordinário, como escreveu Oswald de Andrade:
“Numa soirée em casa dele, nessa
chácara imensa, foi-me apresentado o fonógrafo. Minha mãe fez questão que eu
comparecesse a essa apresentação da espantosa descoberta. Uma coisa que roda e
a gente escuta tudo! [...] De fato, fiquei impassível e nada exclamei quando me
apresentaram a pequena máquina, onde um cilindro de cera negra em forma de rolo
despedia sons musicais. Depois de exibida a invenção norte-americana – de
Thomas Edison – dizia, encarecendo-a, passou-se a gravar um disco virgem. Meu
pai discretamente escusou-se de dizer qualquer coisa, eu nem fui chamado. Fez
grande sucesso de hilaridade um senhor que aproximando-se do disco prometeu: Doutra
vez eu trago a flauta”.
O fonógrafo, e, logo em seguida,
o gramofone (que usava cera, ao invés de metal nos cilindros, entre outros
aperfeiçoamentos) mudaram de maneira profunda a percepção sonora. Do rolo de
cera ao vinil, a reprodução do som gravado eternizou a música que antes era
executada somente ao vivo. Levar o som de seu artista favorito para casa passou
a ser uma realidade que ditaria novos rumos para a música, possibilitando o
desenvolvimento da indústria fonográfica, e consequentemente da música em massa.
A música, naturalmente, tornou-se
companheira, unindo as famílias na sala em torno de si, criando comodidade,
gerando satisfação. A criação da vitrola foi o passo definitivo para a música
consolidar-se como mais um membro da casa. De origem Victrola, por ser
fabricada pela RCA Victor, a vitrola dispunha de recursos elétricos, não sendo
mais necessário dar-lhe corda para funcionar.
Era o adeus ao disco de cera. O
vinil teria vida longa, mas décadas depois se tornaria idoso, e, portanto,
dispensável para a tristeza dos saudosos, audiófilos e ouvintes conscientes. O nascimento do CD (Compact Disc) abriria com
chave de ouro a era digital, mas a qualidade do som ainda era inferior ao disco
de vinil. O CD, portanto, se impôs porque
simplesmente era mais barato fabricar CDs do que discos de Vinil. Os velhos ‘LPs’
(Long Play) deixaram de ser fabricados em massa, no início dos anos 90, para
desespero dos fãs e colecionadores dos simpáticos ‘bolachões’.
A experiência de colocar pela
primeira vez a agulha no disco ouvindo aquele ‘chiado’ maravilhoso reduzia-se
a apertar alguns botões. O momento mágico da descoberta de sons na sala de sua
casa descrito por Oswald de Andrade perdeu seu charme, seu brilho, desgastou-se
com o tempo. Quem não se lembra de tirar o vinil
da embalagem, apreciando os detalhes da arte da capa, que era o grande atrativo
para conhecer melhor o conteúdo? Comparar o lado A, com o lado B. Sim, era outra
maneira de lidar com a música, que eu não me esqueço jamais. E que você
certamente também não esquece.
Inesquecível, também, sem dúvida alguma, foi o surgimento da
fita cassete. Apesar da qualidade de som razoável, os primeiros gravadores com
áudio cassete já eram portáteis, permitindo um deslocamento antes impossível,
além de gravações das músicas da rádio. Aguardar ansiosamente o locutor anunciar
sua música favorita com o dedo no botão ‘rec’ (record), era chato, mas ao mesmo tempo mágico. No final dos anos 1970, com a invenção do Walkman, outro
paradigma tecnológico foi rompido trazendo um novo modo de apreciar a música. A
venda de conjuntos integrados (no Brasil 3 em 1) com receptor FM, toca-discos
para vinil e gravador cassete fizeram com que houvesse uma enorme difusão nas
fitas gravadas em casa. Agora, cada pessoa podia fazer a sua seleção músicas retiradas diretamente de seus discos prediletos, curtindo o som na rua através de seu fone de ouvido.
A explosão do som individual teve
seu auge com a internet, e aparelhos como o IPOD. O formato digital sem ruídos,
com uma capacidade de armazenar milhares de música alterou definitivamente a
forma como consumimos música. Em minutos é possível encontrar um disco, ou
somente um ‘single’, e baixá-lo gratuitamente, para na seqüência reproduzi-lo
no seu tocador de mp3 ou similar.
O CD, grande novidade dos anos
1990, hoje em dia, é ultrapassado. A indústria fonográfica sofre com as fracas
vendas. Boa parte dos consumidores não vê mais
necessidade em adquirir um disco, gastando dinheiro com um produto que é
facilmente encontrado na rede mundial de computadores. Baixar, compartilhar, e
armazenar tornaram-se palavras de ordem.
Apesar deste cenário de mudanças constantes, incertezas e
desolação em relação ao CD e ao digital em geral, há um movimento saudosista
que tem ganhado muita força ao colocar em funcionamento a velha vitrola. A
redescoberta do vinil é ancorada pelo retorno do interesse dos fabricantes, que
enxergaram o retorno deste mercado. De fato, à criação de novos modelos de vitrolas, tecnologicamente
mais evoluídas, com um alto grau de qualidade e precisão mecânica nos seus
diversos componentes empolga os fanáticos pelo vinil de hoje e de ontem. A alta qualidade sonora
está de volta. A vitrola, velha amiga do passado pode até empoeirar, e o vinil
ficar ali, guardado, por anos na coleção. Não importa. A música não pode parar,
e a Vitrola nunca vai morrer.
Fontes:
Livro: História Social da Música Popular - José Ramos Tinhorão
Livro: 'Ouvinte Consciente' - Sérgio Correa
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