O espectro ideológico é invisível, irrelevante, o que não é novidade. No final das eleições só importará ancorar a embarcação com segurança no maior ‘Porto Seguro político’ do Brasil: a cidade de São Paulo.
Nesta verdadeira fragata em busca do poder, surge um personagem que nada tem de coadjuvante: Gilberto Kassab (PSD-SP). O atual prefeito da cidade de São Paulo, destacado por suas habilidades na articulação política, fez movimentos ambíguos, e provocou muita discussão internamente no PT ao conversar com Lula, sobre uma aliança com o pré-candidato petista Fernando Haddad. Na realidade, o aceno de Kassab ao PT foi uma forma brilhante de pressionar José Serra à concorrer no pleito deste ano -o que até agora não surtiu efeito imediato, porém, Serra já demonstrou a possibilidade de voltar atrás – já falarei mais do tucano. No final das contas, o PSD de Kassab deve apoiar mesmo Serra, (lançando o vice na chapa) mas a conversa entre PSD e PT para formar uma aliança nas cidades do ABC paulista permanece ativa.
Já no ninho tucano, as bicadas tornam-se cada vez mais sangrentas. O partido, em crise, desde a derrota nas eleições de 2010, decidiu realizar prévias entre José Aníbal, Ricardo Trípoli, Bruno Covas e Andréa Matarazzo. Marcada para o início de março, e, conduzida pelo Governador Geraldo Alckmin, o cancelamento das prévias, dado como certo, se José Serra afirmar oficialmente que irá concorrer, ( e ele irá) só desgastarão mais o partido. Caso isso ocorra, Serra entrará na disputa consertando rachaduras. O ideal seria Serra participar das prévias, para evitar mais confusão. O clima no ninho tucano anda com ânimos exaltados, troca de ofensas, e o processo de desarticulação é mais notável do que o de articulação. Serra, por sua vez, assiste a tudo de camarote, como se disputasse uma partida de xadrex. Observando cada movimento, e decidindo lentamente cada ação, Serra conversa com PPS, PP, DEM, e PSB para formar uma aliança, e amadurece a idéia de abandonar o sonho da Presidência da República – seu maior projeto pessoal. Ou Serra terá a cara de pau de dizer na campanha que abandonará o cargo de Prefeito daqui 2 anos para se candidatar ao Planalto? Seria no mínimo arriscado para um político que enfrenta rejeição de mais de 30% na cidade. Suicídio político na certa. No caminho da possível, e muito provável campanha, o teto de vidro de Serra ainda terá que resistir aos ataques desferidos pelos adversários através do livro “A Privataria Tucana”, de Amaury Ribeiro Jr, e pelo fato de ter abandonado a Prefeitura de São Paulo para concorrer a Presidência. É uma arma forte do adversário. Mas o PT terá coragem de lembrar desse episódio, relembrando ao eleitorado que no lugar de Serra entrou Kassab? Vamos aguardar.
Por fim, o candidato que deve atrapalhar, redefinir, ou decidir, a guerra entre PT e PSDB, é Gabriel Chalita, do PMDB. Chalita é advogado, professor, autor de mais de 30 livros, alguns best sellers, sendo que o primeiro ele lançou aos 12 anos de idade. Ex-alckmista, secretário da educação, Gabriel Chalita surgirá envolto na bandeira da educação, com um discurso manso, calmo, recheado de religiosidade e simpatia. O pré candidato encontrará seu espaço com o eleitorado que está cansado do PSDB, e do PT, e provavelmente terá papel de coadjuvante na disputa, mas, certamente, o papel de coadjuvante será decisivo no segundo turno das eleições. PT e PSBD farão de tudo para obter apoio de Chalita. É esperar, acompanhar, e analisar. As armas e os atores políticos posicionam-se lentamente para o combate. Vem aí mais jogo sujo, patifaria, falácias, ilusões, simpatia. Prepare-se eleitor para nadar à braçadas, desviando de mais uma guerra política sem escrúpulos. Respire fundo. Seu fôlego será necessário.
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