Uma discussão travada numa das salas da Sociedade Brasileira de Autores, em fins da década de 60, colocou a seguinte pergunta à Donga e Ismael Silva. Qual o verdadeiro samba?
Donga diz:
_Ué. Samba é isso, há muito tempo:
“O chefe da polícia pelo telefone mandou me avisar, que na Carioca tem uma roleta para se jogar...”
Ismael retruca:
_Isso é maxixe.
_Então o que é samba?
E Ismael cantarola:
"Se você jurar que me tem amor, eu posso me regenerar..."
Então Donga completa:
_Isso não é samba, é marcha!

Foi então preciso que uma nova geração de talentos, já agora saídos das camadas baixas cariocas, igualmente herdeiras de uma tradição local de sambas de roda à base de versos repetidos, fizesse sua contribuição definitiva para a carreira comercial do gênero: o samba batucado e marchado da Estácio.O bairro do Estácio, na zona norte do Rio, foi abrigo desde o início de uma população proletária, com pequenos comércios e atividades artesanais. A proximidade com a zona de prostituição do Mangue, atraía para os seus muitos bares os bambas das zona – os tipos especiais de indivíduos que viviam da exploração do jogo ou das mulheres. Esse tipo de personagem na época ficou conhecido como malandro. E não demorou muito para que os malandros se reunissem para organizar um bloco, que se tornou um sucesso. Surgia o embrião da primeira escola de samba em 1927: a “Deixa Falar”. Essa nova forma de samba urbano arquitetado por Ismael Silva e outros – conhecido como samba carioca – afastou-se definitivamente do modelo do partido alto dos baianos, quando foi introduzido o surdo de marcação por Alcebíades Barcelos. De fato, o som desse tambor empurrava o samba para frente e o deixava mais solto pelas ruas, mas, ao mesmo tempo por oposição ao movimento do partido alto (que neste ponto se aproximava do maxixe), havia o risco de simplificação ao nível de marcha ao acelerar o ritmo. Tal diferença ficaria representada na discussão travada na década de 60 entre Donga, o filho de baiana que marcou o partido alto em 1916, e Ismael Silva, carioca, pioneiro dos sambas do Estácio. Bate boca e debates a parte, ambos tiveram uma participação decisiva nos moldes do carnaval e sambas modernos. Para saber mais sobre a “Deixa Falar” – (leia aqui) mais sobre a história da primeira escola de samba.
Foto retirada deste link
Fontes:
Escolas de samba – O que, quem, como, onde e por que – Sérgio Cabral
História Social da Música Popular Brasileira - José Ramos Tinhorão

4 comentários:
Belo post!
Salve Ismael e a Estácio!! O samba tinha que ser mais valorizado em nosso país!!!
Belo post (2)
Muito legal conhecer a história!!
Bjimm
O samba deveria ser mais valorizado em nosso país! Principalmente as raízes que ficam cada vez mais escondidas...
belo post (3)
bjss
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