sexta-feira, 3 de abril de 2009

O escafandro e a borboleta

Fui nesta semana ao cinema. Não estou amargo com a vida, nem com raiva de nada. Na verdade estou bem feliz! Tudo bem, que sou um pouco chato para analisar filmes, mas prefiro achar que sou consciente. Tenho frequentado o cinema regularmente, mas não vejo nada que me agrade faz muito tempo. Histórinha clichê na Índia, fórmula antiga e gasta em uma adaptação barata de um conto de Fitzgerald, suspenses que te fazem querer que o final chegue logo, mas para ir embora o quanto antes da sala, entre outros filmes, que são boas atrações para tirar uma soneca na sessão da tarde de sábado.

Puxando na memória, faz um ano que assisti a uma película que realmente valeu cada centavo que paguei. O filme "O escafandro e a borboleta", me impressionou por vários motivos. Em muitas cenas, o objetivo do diretor, Julian Schnabel, é de colocar o espectador na posição do protagonista. O filme retrata a história real de Jean-Dominic Bauby, - editor da revista Elle francesa, que sofreu um derrame cerebral, perdendo sua locomoção e movimentando somente o olho esquerdo.

Bauby tirava seu sustento do mundo das aparências, e de uma hora para outra seu corpo se tornou um constrangimento. Dentro desse "escafandro", o protagonista raciocinava normalmente, mas precisou aprender a se comunicar com o mundo de forma restrita, mais exatamente, com o olho esquerdo. Piscar uma vez é "sim", duas vezes é "não".

Durante os primeiros trinta minutos, não vemos o rosto do personagem principal. Schnabel só mostra o rosto torto de Bauby em uma cena em que o personagem decide parar de ter pena de sí mesmo, num momento em que a "borboleta" sai do casulo. A fotografia é espetacular, assumindo não apenas o ponto de vista de quem conta a história, como transformando sua visão turva e limitada num carrossel de experimentos visuais e sensoriais em que os atores encaram a câmera o tempo todo. Mudanças de lente e de foco ampliam o mal-estar que o diretor impõe. Um trabalho impressionante que precisa ser visto para dar conta de sua totalidade

A história real de Jean-Dominic Bauby é diferente de outras tragédias por seu modo de superar seu estado. Ele chegou a ditar um livro inteiro - as suas memórias, que dão nome ao filme - somente piscando. O Escafandro e a Borboleta (Le Escaphandre et le Papillon, 2007) conta uma história emocionante, sem banalizar a condição de Bauby. É um filme mais poético e menos choroso. Pena que alguns críticos não tenham captado a mensagem. Ou ser diferente neste meio é importante para não cair na vala comum? A minha avaliação é ótimo! E quando eu achar o dvd, compro.

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2 comentários:

Unknown disse...

É francês,né? Minha irmã me falou desse filme. Parece que deve ser bom!

Alicia Marques disse...

Nunca vi esse filme para alugar...Vc tem?
A história parece emocionante..fiquei curiosa para ver...

bjs