quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A morte anunciada do camisa 10

A camisa 10 aguarda quem a assuma.
Começo de ano e programas esportivos e jornais sofrem na busca de pautas no futebol para se manter, então a bola da vez é a transferência de jogadores. Fulano para cá, beltrano para lá. É o momento da especulação vazia e das declarações furadas. Na primeira quinzena de janeiro o personagem principal foi Ronaldinho Gaúcho e o leilão estabelecido por seu empresário Assis. De saída do Milan, Grêmio e Palmeiras demonstraram interesse no jogador. Depois o Flamengo entrou no páreo e até se falou no Corinthians. Quando finalmente o jogador iria anunciar o clube escolhido, a novela se arrastou por mais um tempo até Ronaldinho decidir pela gávea. E aí uma pergunta paira no ar. Por que o jogador que atuava no futebol italiano escolheu retornar ao Brasil? O ciclo de gaúcho não acabou fora de nosso país, afinal, houve propostas dos petrodólares árabes, de clubes da Inglaterra e Estados Unidos. O fato é que ele voltou e terá ao seu lado no meio campo outro jogador que volta de terra estrangeira: Thiago Neves. E não são casos isolados. No Santos, Elano retornou e muito se fala de Luís Fabiano trocar o Sevilla pelo Corinthians.

Toda essa atração pelo campeonato brasileiro tem uma explicação simples: a Copa do Mundo de 2014. Jogar por aqui é ter o holofote de Mano Menezes em cima de cada lance, de cada drible. Promessa de grandes jogadas? Talvez. Mas engana-se quem pensa que o nível de nosso futebol irá melhorar. Nosso ciclo de grandes jogadores que aparecem todas as décadas sofreu um duro golpe, e tudo começa nas divisões de base, na Copa São Paulo – que há alguns anos impôs a idade limite de 18 anos para competir. O resultado final é um jogador que vai para o profissional despreparado, ou que retorna desmotivado para sua categoria. Não temos mais ídolos, caras que resolvem dentro do campo. Onde estão os Ronaldos, Romários, Carecas, Rivelinos, Gersons, dos campos de terra deste país? Futebol virou negócio, a criatividade aos poucos morre, e a geração que nos deu a copa de 2002 começa a pendurar as chuteiras. O que virá a seguir? A morte do camisa 10 está anunciada.  

Foto retirada deste link                              
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3 comentários:

Luis Bonja disse...

Seu texto diz tudo! Estamos sem um camisa 10! Aquele cara que decide e arma o jogo; que diga o Douglas perdendo a jogada para o gol da Argentina! Ali começamos a perceber que o camisa 10 está morrendo..

Maurício disse...

Qual a vantagem? Montar uma estrutura financeira para manter um Ganso por anos e junto a ele títulos ou por exemplo investir até menos e trazer um camisa 10 experiente?!
A questão é que os clubes estão cada vez mais visando verba rápida, e resultados a curto prazo, (caso da maioria dos clubes brasileiros que com o passar dos anos mesmo com uma folha gorda continuam individados) estão esquecendo de investir na base, tiramos uma idéia da copinha, grandes caindo e times pequenos, parcerias ou times de empresários se destacando nessa fase final.
E se camisa 10 joga bola até na chuva nessa Copinha vai surgir vários!
Belo post Fabrício!
Abraço brother!

Fabrício Amorim disse...

Pois é! O negócio conta mais que a bola rolando. Que o diga a eliminação do Corinthians da Copinha pelo Desportiva - um clube gerenciado pela Traffic; Infelizmente a categoria de base não está sendo aproveitada como deveria, e o resultado é esse: escassez de armadores, de um camisa 10...e ainda o futebol continua com os estrangeiros se destacando...


Obrigado pelas palavras Maurício! Valeu pelo comentário; um abração;