sábado, 21 de março de 2009

Relatos de um velho indecente

Por Kécia Leme

Para escrever sobre Bukowski, eu teria que escrever alguns palavrões, mas vou tentar burlar a linguagem bukowskiniana e amenizar os relatos de um velho indecente.

Henry Charles Bukowski, foi considerado o "ultimo dos malditos", da literatuta norte americana. Nascido na Alemanha em 1920, se mudou ainda criança para os Estados Unidos. Filho de um pai frustado e violento, Bukowski desde cedo nunca apreciou as pessoas. Sempre gostava de estar sozinho com uma garrafa de Wiskhy, um charuto barato de 25 cents, ouvindo música clássica. E não porque este estilo o tornava intelectual. Ele nunca se importou.

Bukowski se iniciou na poesia tarde. Com 40 anos seus relatos e histórias sempre foram auto-biograficas. Sua obra baseia-se simplesmente no cotidiano e na realidade pura e crua. Nunca se censurou, e seus contos falam do sexo e amor com a naturalidade que isso acontece no nosso dia a dia. "Numa mesa de bar com um vinho barato, um cigarro no cinzeiro e a cara embriagada no espelho do banheiro".

O escritor sempre viveu numa eterna confusão, que nada funcionava bem: governo, putas, bares, trabalhos, ócio, tempo e cachorros. Suas histórias e contos sempre falam da vida como ela é e tudo que a envolve.



Sua obra contém relatos do "pesadelo americano", trabalhos escravos, bebedeiras, relacionamentos baratos, que fascinam jovens que vão á procura de alguém que entenda a realidade que os pertence. Assim se construiu um dos maiores escritores que conheço. Sincero, direto, real e sempre de ressaca!

Um dos seus melhores livros chama-se "Carteiro", e mostra sua trajetória na luta de um trabalhador americano, que levanta se as 3 da manhã, depois de beber toda a noite, sem ter um centavo para pagar o aluguel. Nessa época perdeu um dos seus grandes amores, casou, logo após divorciou-se e teve uma filha. Foi diversas vezes internado com hemorragias causadas pelo cigarro e pela bebida. Nunca deixou de beber.

Acho que não há meios termos com Bukowski. Ou você o ama ou o odeia. E para ele te digo que dá na mesma. Em suas histórias a quem diga que ele era somente um bêbado machista, mas lendo seus livros encontra-se o amor que nao está no livros da Walt Diney.

No livro "Mulheres", o escritor conta os relatos das mulheres da sua vida: desde gordas velhas carinhosas a preciosas putinhas medíocres. Vale a pena ler, reler e se identificar com os personagens desse velho indecente que morreu em 1994 de leucemia. Acho que o velho chegou longe demais pela vida que levava. Em seu túmulo está escrito "Nem tente".

Bukowski foi comparado a grandes escritores e influenciou muita gente. Filmes como Barfly de Barbet Schroeder e Ordinaria Loucura, de Marco Ferreri, músicas de Red Hot Chilli Peppers, Bad Radio de Eddie Vedder, também levam um pouco da marca do escritor. Da sargeta do mundo fédido que ele trasformava em seu paraíso.

Recomendo alguns livros abaixo, e peço desculpas se os títulos nao são exatamente esses, porque os traduzi do espanhol.

"Carteiro" - "Factotum" - "Mulheres" - "A vida de um perdedor"

Contos: "Ereções, Ejaculações e Exibições" - "Busca-se uma mulher" - "Filho de Satanás"


***Texto escrito pela colaboradora kécia Leme Follow Fabricio_blog on Twitter

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