quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Marcos - lembrança e pesadelo de um Corintiano

Lembro bem daquela terça à noite que parou a cidade de São Paulo (06/06/2000). Não fui ao estádio, mas já estava sentado no sofá em frente à televisão, aguardando ansiosamente o grande jogo. O clássico Corinthians x Palmeiras sempre teve um gosto diferente. E naquela noite, o gosto era temperado por um ingrediente apimentado para ambas as torcidas: a vaga na final da Taça Libertadores da América. Não existia, e ainda hoje não existe, prato mais saboroso do que vencer a competição sul americana - carimbando a passagem ao mundial (interclubes na época) - fato que o Palmeiras tinha concretizado no ano anterior, passando nas quartas de final pelo mesmo rival.
Lembro bem daquela terça à noite. Candidatos a herói não faltavam, e no duelo central entre Marcelinho Carioca x Marcos, o goleiro se saiu melhor. Nascia ali São Marcos. Nascia ali um ídolo da torcida palmeirense. Nascia ali um cara odiado por mais de 25 milhões de torcedores corintianos, incluso eu. Na história do Corinthians, nunca houve quarta, quinta, sexta feira pior. Na história dos torcedores do clube, nunca houve tanta brincadeira, tanta zombaria. É, não foi fácil não, mas tínhamos que reconhecer o valor da equipe do Palmeiras, e o brilho de Marcos.
Lembro bem das madrugadas da Copa do Mundo de 2002 (Coréia/ Japão). Não fui aos estádios acompanhar a seleção, mas já estava sentado no sofá em frente à televisão, aguardando ansiosamente os jogos. A equipe de Scolari, apesar de desacreditada e contestada, provou o seu valor: no ataque um 'fenômeno' voltando em grande estilo de uma complicada lesão; na defesa um santo, São Marcos, uma verdadeira muralha nos jogos contra Bélgica, Inglaterra, e Turquia. Não poderia ter dado outra: Brasil campeão, com Ronaldo eleito o melhor da Copa pela imprensa (achei Rivaldo); e Marcos o  melhor goleiro (FIFA achou  Kahn – piada). Naqueles meses de junho e julho, os 25 milhões de torcedores Corintianos apagaram as mágoas com o goleiro do Palmeiras e aprenderam a, no mínimo, respeitar a figura de Marcos. E não foram somente os alvinegros. Todas as torcidas passaram a respeitar o grande  goleiro, grande profissional, que sempre deu declarações recheadas de sinceridade, ocasionando quase sempre polêmicas apimentadas.
Lembro bem de outros inúmeros lances do grande goleiro que pendurou as luvas e as chuteiras ontem. A aposentadoria de Marcos (20 anos de Palmeiras, 530 jogos) marca o fim da era da identidade dos grandes ídolos com um clube. Creio que dificilmente Deola faça carreira no alviverde, caso seja sondado por clubes do exterior. Marcos deixa uma bela história no Palmeiras e na seleção brasileira, além de ter sido protagonista de uma página muito triste na história do meu Coringão. Mas é isso aí, futebol é rivalidade, emoção, bola na rede, e no final alguém tem que ser o campeão. Naquela noite de terça feira, do ano 2000, o Palmeiras foi mais competente, o Palmeiras foi melhor, e mereceu ir a final em busca do título (que não veio). Naquela noite Marcos colocava de uma vez por todas seu nome entre os grandes ídolos do Palmeiras. Tristeza de uns, felicidade de outros. O resto é história.     


Semifinal da Taça Libertadores da América (2000) - Jogo completo!!!


Imagem retirada deste link               
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