Meu peito parece táubua de tiro ao álvaro e não tem mais onde furar. Isso porque levei tanta frechada do teu olhar que ficou claro o que ocorreu. É uma paixão intensa que acende muita lenha no fogão, afinal, sou brasa em fogo que não apaga. Quando te achei, havia tanta coisa pra te dar, havia lua cheia sobre o mar, espanto e amor. A minha vida vazia, meus vinte anos de espera e de grande melancolia, se encheram de esperança. Quando você aparece na Avenida São João, até o sol enlouquece e se esquece da obrigação. Quero sair para passear nesse domingo cheio de luz, com passarinhos cantando, as plantas, o céu azul. Vou sair com a namorada, depois vamos ao cinema, pipoca, pastel e garapa, com a felicidade como lema. Mas a noite chega e terei de ir. Sinto muito amor, mas moro em Jaçanã e se eu perder esse trem que saí as onze horas, só amanhã de manhã. Quando o dia clarear, eu venho te buscar para ir ao samba que o Arnesto nos convidou. Tudo bem que a última vez nos fumos e não encontremos ninguém, e voltemos com uma baita reiva. Mas é melhor que ir ao samba no bexiga na casa do Nicola. Não lembro se te contei. A mesa não deu conta e saiu uma baita duma briga. Era só pizza que avuava junto com as braxola. Nóis era estranho no lugar e não quisemo se meter, porque não fumos lá pra brigar, nóis fumo lá pra come, e na hora “h” se enfiemo debaixo da mesa. Depois de ir no Arnesto, vamos armoçar, sentados na calçada, conversar sobre isso e aquilo, coisas que nóis não entende nada. Podemos, puxa uma paia, andar um pouco pra fazer o quilo e vou te mostrar um edifício alto, onde existia uma casa velha, um palacete abandonado. Foi lá, que eu, Mato Grosso e o Joça, construímos nossa maloca. Nem quero lembrar do dia que veio os homi cas ferramentas derruba e nóis fumo pro meio da rua. Duia no coração e o Mato Grosso quis grita, mas em cima eu falei que os homi ta cá razão, e nóis arranja outro lugar. Mas só se conformemos quando o Joca falou: “Deus dá o frio, conforme o cobertor”. Valeu a pena. Posso te dizer que na saudosa maloca nóis passemo dias feliz de nossas vidas.
“ Pra Adoniran tiro o chapéuE como diz o ditado:
Quem a todos cumprimenta
Também é cumprimentado...”
Fonte:
http://letras.terra.com.br/adoniran-barbosa/
Foto retirada de:
http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://jornale.com.br/zebeto/wp-content/uploads/2009/03/adoniran-barbosa.jpg&imgrefurl=http://jornale.com.br/zebeto/page/442/&h=506&w=500&sz=29&tbnid=dyZXh33bSjUWTM:&tbnh=226&tbnw=223&prev=/images%3Fq%3Dfoto%2Bde%2Badoniran&hl=pt-BR&usg=__4EIJhphytuyXmt0UT_OB_GMi-XQ=&sa=X&ei=cCFsTKzdEML98Aal7-WgCw&ved=0CB8Q9QEwAQ

Um comentário:
Lindo, lindo texto! Grande organização das canções maravilhosas do mestre Adoniran!! Adorei a postagem!!
bjs
Postar um comentário