Usar o jornalismo como espetáculo é andar em cima de muro fino, com a possibilidade de cair a qualquer instante. A função pública de levar as notícias de interesse público a casa das pessoas não é levado a sério em programas sensacionalistas. Foi o caso de um programa de TV na Geórgia que provocou pânico nos cidadãos – foram registrados casos de muitas pessoas que tiveram enfartes, desmaios e taquicardia ao assistir uma invasão russa que supostamente derrubou o presidente. Mas a invasão ocorreu em 2008. Tratava-se de uma “simulação de eventos possíveis” com a representação de imagens de arquivo, de acordo com o canal de televisão. A confusão se generalizou porque uma breve advertência foi feita somente no início do programa. É óbvio que muitos telespectadores que caíram de “pára-quedas” tomaram as imagens e a narrativa como se estivesse acontecendo no momento. Quando li essa notícia neste domingo, na hora me recordei da transmissão radiofônica, em 1938, que ficou mundialmente famosa por causar pânico nos ouvintes, que acreditavam estar enfrentando uma invasão alienígena. “Um Exército que ninguém via, mas que acabara de desembarcar no nosso planeta.” Essa era uma dramatização produzida por Orson Welles, intitulada “A Guerra dos Mundos”, mas só sabia disso quem estivesse acompanhando o programa de rádio desde o começo. A concepção negativa da mídia que manipula, aliena, e engana da Escola de Frankfurt, estão bem vivos e espalhados pelo mundo e pelos conglomerados. A manipulação do pensamento coletivo está presente diariamente na vida das pessoas. Abrir os olhos e os ouvidos não é assim tão fácil como se pensa.

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