segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

FEB - Heróis Esquecidos

No final dos anos 30, os regimes totalitários estavam consolidados em países de grande importância na Europa, como na Espanha de Franco, na Itália com Mussolini, Salazar em Portugal, Stalin na União Soviética. O Brasil vivia a ditadura Vargas e mantinha boas relações comerciais com Alemanha e Itália, inclusive com a importação de armamentos e submarinos. Em 1939, o regime nazista estava consolidado por toda a Alemanha. O austríaco Adolf Hitler, sempre foi contra o Tratado de Versalhes, - que foi um acordo pôs fim a primeira guerra mundial e fez a Alemanha perder uma parte de seu território. Então Hitler observou a fragilidade no comando de países vizinhos e ordenou a invasão da Aústria e metade da Polônia que foram anexadas ao Estado alemão. A outra metade da Polônia ficou com a União Soviética, que depois foi traída por Hitler, e se tornou seu principal inimigo. O ditador alemão possuía um exército poderoso e bem treinado, que tinha como tática principal a Blitzkrieg, que era um ataque rápido e bem coordenado entre aviação, artilharia e infantaria. Além disso, Hitler tinha a ideologia de uma raça superior, pregava a exclusão de minorias étnicas e religiosas, o fim do comunismo entre outros princípios, que segundo ele iriam enriquecer a raça humana. A partir da invasão da Polônia, os aliados (Inglaterra, França e depois Estados Unidos) declararam o conflito onde a Alemanha contou com o apoio do Japão, do imperador Hirohito, e da Itália, de Mussolini formando os países do Eixo.

No Brasil, mesmo com a simpatia que o governo de Vargas tinha com os regimes totalitários, e com boatos silenciosos que nosso governante iria se aliar ao Eixo, o país resolveu permanecer neutro na guerra. Esse posicionamento de neutralidade foi mantido até 1942, quando aconteceu a conferência dos países sul-americanos no Rio de Janeiro. A reunião decidiu condenar os ataques japoneses aos Estados Unidos, e romper relações diplomáticas com os países do Eixo: Alemanha, Itália e Japão. A decisão foi tomada a contragosto de Vargas que temia represálias dos alemães. O pensamento de Getúlio não estava errado. Não demorou muito tempo e começaram os ataques e afundamentos de navios brasileiros por submarinos do Eixo, ocasionando centenas de vítimas civis brasileiras. No total, 21 submarinos alemães e 2 italianos afundaram 34 navios mercantes brasileiros, acarretando 1.691 náufragos e 971 mortes. Após a pressão popular e da imprensa, em 1942, Vargas declarou estado de guerra no país, e começou à negociar com o presidente dos EUA, Franklin Roosevelt - que pedia a instalação de bases aéreas no nordeste do Brasil, para fortalecer a estratégia de logística. Assim, Getúlio permitiu a entrada dos americanos no nosso país, recebeu em troca de um apoio financeiro e técnico para a construção de uma siderúrgica, e prometeu enviar combatentes para auxiliar os exércitos aliados.

Então o Brasil convocou 25 mil homens, que tinham a missão de combater as forças do Eixo. O país demorou dois anos para treinar e enviar seus combatentes. Em 1944, os pracinhas da Força Expedicionária Brasileira (FEB) foram enviados a guerra. No dia 30 de junho de 1944, embarcou o primeiro escalão contendo 6.000 combatentes brasileiros que não sabiam para onde iriam exatamente. Na época, o Eixo havia tomado à Noruega, França, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Polônia, Dinamarca, enquanto a Inglaterra amargava o início da invasão. Outros países europeus Portugal, Espanha, Suíça e Suécia, não foram dominados e se mantiveram neutros na guerra - concordavam com quem vencesse. Chegando à Itália, a FEB desembarcou na cidade de Nápoles e se incorporou-se ao IV Corpo de Exército Americano, dando início as suas operações de combate no princípio de setembro de 1944. Os combatentes brasileiros lutaram contra tropas altamente experientes, transferidas por Hitler do front russo, em terreno montanhoso. O Eixo possuía uma posição privilegiada de defesa, e se aproveitavam da altitude da cordilheira dos Apeninos. Outra grande complicação, tirando o inimigo, foram ás inclemências do tempo, inclusive os rigores do inverno, com temperatura de 20 graus negativos, fora a sensação térmica. Enfrentando todas as dificuldades que uma guerra impõe, os pracinhas acabaram com a resistência nazista. As batalhas de Monte Castello, Castelnuovo, Montese, Colecchio e Fornovo foram os principais conflitos em que a FEB se envolveu. Foram 239 dias de ação contínua contra o inimigo – nove meses de operações( setembro de 1944 – maio de 1945). A FEB enfrentou continuamente 10 divisões alemãs, 3 divisões italianas e somou 20,5 mil prisioneiros em combate.


Documentário – Heróis Esquecidos

Este texto acima é um pequeno resumo da ampla pesquisa que realizei sobre o Brasil na segunda guerra. Em meados de junho, antes do início das aulas na faculdade, já pensava em um tema para retratar na disciplina ‘documentário em vídeo’. No final da mês, a ideia de falar sobre a Força Expedicionária se tornou muito forte para ser derrubada. No primeiro dia de retorno as aulas, minha orientadora aceitou prontamente que eu seguisse com o projeto. Me reuni com três colegas e fechamos um grupo que lutou até o fim como em um combate. Muitas dificuldades foram surgindo no decorrer da produção do documentário, porém o que mais deixa chateado é a falta de estrutura da faculdade para fazer um bom trabalho. Prefiro nem aprofundar esse aspecto triste, mas é vergonhoso ter que disputar “no tapa” um horário para editar o filme. Gravamos todo o material com uma mini-dv, já que não havia um técnico (câmera) disponível. O resultado foi um enquadramento um pouco amador, mas que deu um clima “cult” no final das contas. Foram entrevistados 11 veteranos que foram a Itália lutar contra as forças do Eixo, no museu da Associação dos ex-combatentes – seção São Paulo. O nome “Heróis Esquecidos” nasceu de declarações dos próprios ex-combatentes, que se sentem um pouco excluídos de uma parte de nossa história. Os pracinhas brasileiros foram lutar pela liberdade e pela democracia no velho continente e impedir a proliferação do fascismo no mundo, mesmo vivendo no Brasil a ditadura ferrenha de Vargas. Peço ao leitor do blog que veja o vídeo abaixo, que foi o resultado de muito esforço e dedicação de Fabrício Amorim, Raphael Valente, Luiz Ferreira e Gabriel Nunes. O roteiro, a trilha sonora e toda a realização foram feitos por nós. O curta metragem sintetiza um pouco da história da FEB, tem 22 minutos, divididos em três partes. Estoure sua pipoca, assista ao filme!




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15 comentários:

Juninho Carioca disse...

Bem legal cara! Não conhecia mto a história da FEB; Bem loko mesmo!!
Parabéns!

Unknown disse...

Nossa! Gostei mto! Sério..sem puxar sardinha, ficou ótimo!! Fiquei curiosa; Quantos anos tem os entrevistados?
Parabéns (2)

Bjs

Anônimo disse...

Bem interessante, é sempre bom conhecer a história, no colegio nos ensinam cada coisa u.u'

Fabrício Amorim disse...

Valeu galera. O "novato" dos entrevitados é o senhor Cleir, com 84 anos. É impressionante a forma e o vigor que alguns ex-combatentes tem. Outro ponto a ser ressaltado, é que quase todos os veteranos reclamaram que não há nada sobre a FEB no currículo escolar.

Unknown disse...

Mto legal! Achei hilária a parte "A FEB é um time de futebol que tem lá perto de casa.." hahaha
Bem maneiro conservar nossa história assim!

Claiton Krieger disse...

Poh legal pakas... Adoro o tema segunda guerra mundial, já tinha lido sobre a feb, mas o relato é outra história.

Quantos membros ainda existem?


Parabens:

Se quiser visitar, Meus blogs:
http://www.infsul.blogspot.com , blog de info
http://www.purabobagem.blogspot.com ,blog de humor
http://www.claitonkrieger.blogspot.com , variedades

Luis Bonja disse...

Bacana demais! Muitos ñ sabem que nosso país foi combater na segunda guerra mundial!

Feliz 2010

Fabrício Amorim disse...

Dos 25 mil homens que foram a Itália em 1944, poucos estão vivos devido a idade avançada. Não sei precisar quantos exatamente;

Feliz 2010 a todos

Vini e Carol disse...

Interessante, eu gosto muito de história mas infelizmente quase não entendo, mas o seu texto é bem simples de entender.

Beijos, Carol

Schraubles

Mattheus Rocha disse...

Excelente postagem. Parabéns !!

Boggs disse...

Maneiríssimo!!!
Mano, fiquei impressionado com o frio que os caras pegaram; 20 graus negativos deve ser mto osso!!! kkkk; Parabéns pelo curta e pela trilha sonora q ficou bem legal!!

Feliz 2010!

Caroline disse...

Eu sou militar da FAB e durante muito tempo fui "estudiosa" desse assunto, cujo qual gosto muito. Esses sim são heróis de verdade.

deadkennedys disse...

Fabricio, não sabia que tinha um "museum" q tem aqui nao bexiga é aberto ao público?

abs

Rodrigo Saccone disse...

Parabéns Fabrício, legal o trabalho.
Sabe o que eu achei mais interessante????? Em 2005 fiz um documentário com o mesmo nome e em um formato muito parecido.

Que "coincidência", não é verdade?

Fabrício Amorim disse...

Rodrigo,
Lamento que seu comentário sugira o plágio do trabalho. Tenho um tio avô que esteve na FEB, e isso originou a ideia. O título foi uma recomendação dos pracinhas aqui da seção São Paulo e o desfecho final também foi sugestão deles. Vi seu documentário depois que finalizei o meu, e só no título tem algo parecido. Após ter visto lamentei muito o fato de minha pesquisa ter falhado neste sentido. Acho que até já tinha visto o título antes, mas me esqueci na hora de dar um nome ao documentário. Minha intenção não é concorrer com o seu trabalho e muito menos desprestigiá-lo. A ideia desde o início sempre foi adicionar algo a história da FEB, em homenagem a meu parente. Espero que vocÊ tenha a oportunidade de ler este comentário;