"A porta foi arrombada com um golpe violento. Vimos os americanos invadirem a casa. Eles nos forçaram a sair com seus rifles. Todos saímos, crianças, mulheres e homens. Era 9 da noite. Estava frio e o jeito com que eles nos abordavam com seus cães assustava as crianças. Nossa casa foi toda quebrada. O ouro e dinheiro foram levados. Eu fui preso com mais três parentes homens. Um deles era meu pai. Amarraram nossas mãos nas costas e fomos expostos no meio da rua"
Esta é uma parte do relato do iraquiano Mohammad Talal no documentário "Fantasmas de Abu Ghraib".
O diretor e produtor Rory Kennedy mostra uma realidade no Iraque que muitos desconhecem. Com depoimentos de militares que participaram dos abusos, de presos e especialistas é um soco no estômago do espectador.
Instigante e provocador, Kennedy consegue dar voz a todos os envolvidos e monta o documentário com perfeição. Tem ritmo envolvente e seduz até quem não gosta muito do formato que os documentários possuem.
A prisão de Abru Ghraib veio á tona em 2004 quando foram veiculadas fotos que mostram iraquianos sendo torturados por militares americanos.
Essas fotos foram tiradas pela militar Sabrina Harman que diz ter tirado somente por que adora fotografar.
A Convenção de Genebra foi desrespeitada.
Ela foi assinada pelos Estados Unidos em 1949 e se baseia em leis internacionais que proíbem tortura, violação da dignidade pessoal e tratamentos degradantes de presos.
O relatório da Comissão de Serviços Armados do Senado dos EUA, divulgado dia 11 desse mês, culpa diretamente o ex-secretário de defesa de Bush, Donald Rumsfeld por abusos cometidos por soldados americanos em interrogatórios de estrangeiros em Abu Ghraib e Guantánamo.
O documento rejeita a alegação de Rumsfeld de que as violações dos direitos humanos que vieram a público foram práticas isoladas de soldados agindo por conta própria.
Não existiam regras em Abu Ghraib. Tudo era permitido.
Havia a Ala 1A que era para prisioneiros de segurança máxima.
A Ala 1B abrigava mulheres e crianças.
Isso mesmo!!!
Mulheres e crianças eram detidas por terem parentesco com presos considerados importantes. Elas eram usadas como um modo de "fazê-los falar".
Abu Ghraib tem resquícios pertubadores na vida dos iraquianos. E os americanos como protagonistas desta triste história também terão.
O ódio contra os EUA foi plantado e irrigado para a eternidade.
Nem Obama pode fazer algo para reverter este quadro.
Resta agora esperar a retirada das tropas americanas.
Assim poderemos fazer uma análise mais clara dos fantasmas que não poderão ser exorcizados numa terra devastada que precisa recuperar a dignidade.
3 comentários:
Quero ver esse documentário.A prisão de Abu Ghraib mostra o quanto Bush se iguala ao atos terroristas.
Abu Ghraib é a violação total do direito humano. E tem gente que ainda pergunta porque se considera um herói um cidadão que arremessa um sapato
Já que a sapatada veio a tona aqui nos comentários, gostaria de expressar minha indignação com a prisão do jornalista. O crime que foi acusado o pode levar a ficar sete anos preso. Não vamos esquecer que as "autoridades" do Iraque são treinadas por americanos. É beincadeira, não é?
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